A importância da análise de causa raiz na melhoria do desempenho da manutenção industrial

A Análise de Causa Raiz ou RCA (Root Cause Analysis), acrônimo do termo
em inglês bastante utilizado, é uma metodologia imprescindível para que  
a manutenção industrial consiga sair do danoso modo reativo.

Para entender melhor o que é modo reativo; pense na situação, onde a equipe de 
manutenção se ocupa em tempo integral de reparar os equipamentos que 
quebram aleatoriamente. 

Neste modo, a equipe de manutenção está sempre sobrecarregada, trabalhando  
sob a constante pressão de ter que reparar equipamentos para recolocar a fábrica  
em operação, outro termo comumente utilizado para descrever esta situação é  
“trabalhar apenas para apagar incêndios”.

Neste modo, as despesas de manutenção são, além de elevadas, praticamente imprevisíveis. 
Existe constante tensão entre manutenção e operação pois a manutenção é sempre vista  
como a grande 
vilã que impede a operação de cumprir seu programa de produção e, além disto, responde por uma 
considerável parcela dos custos de operação.Apesar deste fato ser conhecido e as empresas terem 
cada vez mais consciência da importância da Análise de Causa Raíz, que doravante chamaremos apenas 
de RCA, o que impede a implantação bem sucedida da metodologia?

 Afinal, por que a RCA não funciona?
Este trabalho propõe-se a apontar algumas das causas pelas quais, em muitos lugares,
a Análise de Causa Raiz não produz os resultados que dela se espera e apresentar, resumidamente,

os passos para que se consiga implementar Análise de Causa Raiz de forma a obter sucesso.
Antes de prosseguir, para melhor compreensão e nivelamento de conceitos, é conveniente rever algumas 
definições importantes que são utilizadas na Análise de Causa Raíz. 
Fatores causais: Todos os fatores que logicamente podem afetar resultados, incluindo aqueles que 
comprovadamente produzem o fenômeno.
Causas: Os fatores causais que são comprovados ou deduzidos como causadores, direta 
ou indiretamente, do fenômeno em análise.
Causa Raiz: A causa que, se corrigida, previniria a reocorrência desta ou de ocorrências similares. 
A causa raiz não se aplica apenas a ocorrência em análise, mas tem implicações genéricas a um grupo 
amplo de possíveis ocorrências, e este é o fundamental aspecto de que a causa deva ser identificada e 
corrigida. Poderão ser identificadas uma série de causas que podem estar interligadas entre si. 
Esta série deve ser pesquisada até que a(s) causa(s) fundamental (is) seja(m) identificada(s) e corrigida(s).
Deve-se ressaltar que não existe uma única definição de consenso de Análise de Causa Raiz 
no âmbito industrial; as sociedades técnicas, corporações e empresas possuem suas próprias definições 
e é raro encontrar duas definições iguais. 
Optou-se pela definição abaixo pois a mesma traduz os conceitos abordados neste trabalho.

Análise de Causa Raiz: é qualquer processo dirigido por evidências que, no mínimo, revela causas 
obscuras sobre eventos adversos passados e, desta forma, expõe oportunidades de melhoria duradouras.
Na própria definição de Análise de Causa Raiz encontramos uma das causas pela qual a mesma não produz 
os resultados esperados em vários lugares onde é implantada: todo o processo deve ser dirigido 
por evidências.
Constata-se que muitas pessoas fazem deste processo rotina burocrática; organizam reuniões de análise, 
elaboram “Brainstorming”, também conhecido como “tempestade de idéias”, aplicam a técnica do 
5 Por Ques sem buscarem qualquer evidência, ou seja; não investigam o local do incidente, 
não coletam amostras, não entrevistam testemunhas e, no pior dos casos, nem analisam os fatos reais; 
apegam-se a suposições e hipótese e daí tiram suas conclusões.
Nos treinamentos que ministro sobre RCA em diversos países, inicio o treinamento estabelecendo 
uma analogia entre o processo de RCA e os métodos de investigação do famoso detetive Sherlock Holmes, personagem dos livros de ficção do escritor e médico inglês Sir Arthur Conan Doyle. 
primeiro livro de Conan Doyle sobre Sherlock Holmes, “Um Estudo em Vermelho” editado e publicado 
originalmente pela revista Beeton's Christmas Annual, em Novembro de 1887 é considerado a primeira 
descrição em ficção de um método científico de análise e solução de problemas.
Procuro ressaltar os pontos fundamentais da metodologia empregada pelo personagem para 
resolver os mais intrigantes casos criminais, os quais são, em resumo, sua marca característica 
e norma de conduta: 
Sherlock Holmes tinha paixão pelo conhecimento exato e preciso.(Um Estudo em Vermelho)  Isto implica em dizer que devem ser coletados dados que comprovem a hipótese antes de determinar a causa raiz numa análise; Acreditava que investigando 1000 crimes teria informação 
suficiente para solucionar o 1001º crime. (Um Estudo em Vermelho)  
Examine dados de eventos similares pois estes ajudarão a aprimorar o processo de análise Acreditava que o mundo está repleto de coisas óbvias que ninguém, por qualquer motivo observa. (O Cão dos Baskervilles)  Isto implica em não aceitar a primeira explicação, sem atentar para todos os detalhes.Pode-se mencionar também algumas citações do personagem que se aplicam integralmente na 
Análise de Causa Raiz: 

  • “É um erro capital teorizar antes de se ter os dados. Insensivelmente, começa- se a distorcer os fatos para adaptá-los às teorias, em vez de fazer com   que as teorias se adaptem aos fatos.  (Um Escândalo na Boêmia)
  • "Dados! Dados! Preciso de dados! Não posso fazer tijolos sem barro!" (The Adventure of the           Copper Beeches)
  • "Jamais arrisco um palpite. Isso é um hábito chocante... fatal para a  capacidade de raciocinar logicamente." (O Signo Dos Quatro)
 Ao longo da explanação sobre o processo de Análise de Causa Raiz, as semelhanças entre o mesmo e os 
métodos de Holmes se tornam mais evidentes.O processo de Análise de Causa Raiz adotado mundialmente 
pela ABB em seus contratos de Full Service consiste dos seguintes passos:
1. Definir o problema
2. Se necessário, fazer Análise de Falhas
3. Identificar as possíveis causas
4. Verificar a(s) real(is) causa(s)
5. Propor solução para o problema
6. Implantar a solução
7. Acompanhar os resultados

Continuem lendo as próximas postagens...


Fonte: Artigo publicado em www.abraman.org.br por José A. Baptista   

Manutenção

Analista de Qualidade/Técnico de Planejamento Manutenção Pós-graduado em Gestão de Produção e Manutenção Industrial/ Graduado em Administração de Empresas / Técnico em Instrumentação, Usuários SAP/PM.

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